Elas são sócias há quase três décadas na empresa 3Plus e, este ano, comandam a 27ª edição da Casa Cor Rio. Patricia Mayer e Patricia Quentel são referência quando se trata de revelar talentos e apresentar o melhor do design de interiores do Rio de Janeiro. Leia a entrevista com essas elegantes e poderosas empresárias.

Vocês já fizeram mostras em prédios históricos e agora estão nesse edifício do Norman Foster. Como essa escolha se deu? Aliás, os locais das mostras influenciam a dinâmica da exposição?
Estamos sempre procurando inovar com o local do evento. No ano passado, uma casa aristocrata, na Gávea, nos abrigou. Este ano, nos encantamos desde a primeira visita com o prédio de arquitetura arrojada e assinatura Foster+Partners. Essa escolha foi uma quebra de paradigmas, um ato de ousadia nosso. O local da Casa Cor sempre muito importante, é o fio condutor do evento, pois determina a escolha do tema, a inspiração dos arquitetos, o interesse da mídia.

Viver e trabalhar no mesmo lugar foi a principal proposta deste ano. Por que esse mote e quais soluções apresentadas vocês destacariam?
Porque estamos na região portuária que foi revitalizada para ser um bairro de trabalho, comércio, lazer e moradia. A implantação do evento no AQWA Corporate foi pensada para atender o viver e trabalhar no mesmo lugar, trouxemos lofts, estúdios e lounges, integrados com áreas de lazer, comerciais e corporativas, que é a vocação do prédio.

Como vocês vivenciaram essa experiência no Porto Maravilha? O que as impactou positivamente e também negativamente?
A revitalização do Porto, há sete anos, entregou a área preparada para funcionar como bairro residencial aliado ao comercial e corporativo, isso é positivo. Há transporte integrado, saneamento em perfeito estado, prédios renovados. Mas a atual situação econômica e política do Rio ainda não permitiu que a nova região decole.
Vocês conseguem identificar algumas tendências nesta edição? Se sim, quais são elas?
Ambientes integrados com recursos como vidro e espelhos, painéis vazados como divisórias leves. Iluminação indireta, muita madeira e marcenaria, design brasileiro, tonalidades como cinza e nuances de rosa.

O design brasileiro parece estar cada vez mais presente nas mostras de decoração pelo país. Qual a percepção de vocês sobre isso?
O design brasileiro é uma realidade e tem presença em todos os projetos e isso é extremamente positivo porque Casa Cor tem a função de ser uma referência na cultura do morar, apresentando novos caminhos e estimulando nossos designers e nossa indústria.

Vocês formaram duradouras parcerias com profissionais cariocas e já trouxeram arquitetos de outros estados. Como enxergam a evolução do design de interiores no Rio e no Brasil? Como esse mercado vem se renovando?
A renovação vem com novos talentos antenados, projetando fora da “caixa” mas em completa sintonia com a elegância e o bom gosto.

Que jovens talentos vocês já revelaram? E como isso aconteceu?
Praticamente todos os profissionais de destaque na decoração carioca. Casa Cor Rio fez sua primeira edição, em 1991, com Jairo de Sender, Joy Garrido, Chicô Gouvea. Nos anos sequentes, trouxemos talentos, como Maurício Nóbrega, Paola Ribeiro. Somos responsáveis por esse elenco que hoje atua e se destaca nesse mercado.

A Casa Cor tem se expandido até internacionalmente. Como vocês acham que a mostra do Rio se diferencia da de outros estados e países?
O profissional carioca é antenado globalmente, mas busca a originalidade nas suas criações. É claro que a influência internacional existe, e materiais e mobiliário ditam essas tendências. A concepção do projeto do arquiteto que nasceu e mora no Rio, porém, vai muitas vezes na contramão de tudo o que está “na moda”. O estilo carioca é uma realidade e até já publicamos um livro nos 15 anos da Casa Cor Rio em que apontamos as características desse estilo. Podemos dizer que tem a ver com o clima, com a natureza, com o jeito descontraído de ser do carioca, que é único.
Já há planos para a próxima edição? Quando vocês começam a planejá-la?
Temos algumas sugestões, ainda a visitar. Costumamos fechar um evento e, aí sim, partir para a procura de um novo local. Comumente em janeiro já estamos nessa função.
Estamos há uma semana do encerramento da mostra 2017. Como vocês acham que ela será lembrada?
Uma edição inesquecível para nós e para quem a visitou. Para a 3Plus foi um ato de coragem e ousadia: num ano difícil, partir para uma região ainda em evolução. Essa foi uma mostra que colocou um belo local no mapa da cidade, como fizemos na Villa Aymoré, em 2015, e na Península, em 2013.

Há programações especiais para os próximos dias?
Na última semana, continuam os inúmeros coquetéis de fornecedores. Dia 30, haverá palestra do escritório Foster+Partners sobre a arquitetura Foster e, nos dias 1,2,3 de dezembro, teremos o Special Sale, com muitos itens da mostra à venda e com descontos de 30% ou mais.
Entrevista por Regina Galvão
Fotos:André Nazareth
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