O artista Eduardo Sancinetti levou as cores de suas pinturas para porcelanas e tecidos. Criou linhas de produtos, feitas artesanalmente, que podem ser expostas nas paredes ou usadas como utilitários no dia a dia.

O universo das artes sempre esteve presente na vida de Eduardo Sancinetti, virginiano de 35 anos, nascido e criado em Piracicaba, interior de São Paulo. Na escola de desenho técnico e artístico do avô materno, pintou e desenhou a infância toda. Uma de suas tias é pintora e frequentemente o presenteava com cadernos, tintas e lápis de colorir. “Ela me deu a coleção Gênios da Pintura, livros que marcaram minha formação”, conta.

Edu sempre gostou também de lidar com a terra e aprender sobre plantas, conhecimentos que adquiriu no sítio dos avós maternos. “Minha avó sonhava em ter um neto agrônomo”, afirma. Ele, porém, preferiu as artes visuais à agronomia. Já formado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), de Bauru, resolveu tentar a vida na capital paulista: fez cursos relacionados a sua área no museu Lasar Segall e no SESC Pompeia, deu aulas em escolas estaduais e trabalhou como designer gráfico em agências de publicidade. A primeira exposição individual de pinturas e desenhos aconteceu na capital paulista, na galeria Mezanino, em Pinheiros. Tempos depois, surgiu a vontade de criar produtos e ele lançou linhas de porcelana e tecido, que desenvolve em sua casa-ateliê, onde foram feitas estas fotos e esta entrevista.

Como você iniciou a produção de porcelanas?
Eu sou virginiano, penso muitos projetos ao mesmo tempo. A porcelana era uma dessas ideias, pois eu sempre quis ir além do desenho e da pintura. Minha avó materna pintava porcelana e meu avô paterno tinha um restaurante, instintivamente eu comecei a colorir pratos.
E o processo de produção, como ele se desenvolveu?
Desejava que minhas peças tivessem uma cor mais chapada. Fui atrás dos decalques produzidos com a técnica da serigrafia. Fiz vários desenhos até chegar a atual composição de formas e cores. Nos meus trabalhos de pintura e de desenho, eu trabalho bastante a cor. Faço estudos no computador e à mão, vou aumentando e juntando as formas, aplico os desenhos no papel e depois os recorto. As composições eu crio sobre as peças, depois queimo-as no forno a 800 °C.

Como nasceu a coleção de tecidos?
Fiz o curso de estamparia do Celso Lima, que me apresentou múltiplas possibilidades nessa superfície e me despertou o olhar para os temas do Brasil. Com ele, aprendi a pensar a estampa não de forma gratuita, mas como uma informação que você transmite às pessoas. Fui pesquisar os painéis de azulejos da Osirarte, empresa de azulejaria dos anos 1940, e os do pintor Athos Bulcão (1918-2008), me encantei por esse conceito e passei a usar essa linguagem no meu trabalho.

Como é o processo?
No têxtil, eu nunca fiz impressão digital, só a artesanal. Faço estêncil com chapa de acetato recortado. A estampa nasce no desenho à mão livre, no computador ou com recortes de papel. Vou testando as cores em diversas combinações até chegar a um equilíbrio. Depois escolho a lona, tiro a goma, lavo-a e passo-a. Um dos primeiros estudos foi o de um painel azul com módulos grandes que representava o encontro dos rios Poti e Parnaíba, no Piauí. Faço essas matrizes que vou compondo de vários jeitos dependendo da encomenda.

Como se estabeleceu a parceria com a Boobam?
Eles me procuraram e eu decidi abrir a loja no site deles. Produzo as porcelanas uma a uma, mas para a Boobam fiz alguns conjuntos com tiragens limitadas. Fiz pratos e jogos de jarras. Sempre pensei nos pratos para decorar paredes, mas alguns clientes começaram a pedir jogos para usar na mesa. A Isabella Giobbi, por exemplo, me chamou para fazer um evento e montei um jogo para ela. Tenho vendido bastante os tecidos como painéis de paredes, usados com molduras, em caixas de acrílico ou apenas presos com pregos.

Quais são os artistas que te inspiram?
Sempre gostei dos pintores expressionistas, com traços e cores mais pesados. Gosto de Edvard Munch, Paul Klee, Matisse, e também gosto de Van Gogh.

E dos brasileiros?
Geraldo de Barros, Burle Marx, Helio Oiticica…os artistas da década de 1960 eram múltiplos, faziam muitas coisas ao mesmo tempo e eu me identifico com eles.


Visite a loja do Eduardo Sancinetti na Boobam.
Foto: Luiza Florenzano
👏👏👏👏👏👏 ideia maravilhosa !!! Super lindo o trabalho dele !!!
Quanta lindeza! Parabéns Edu.