Brasileiríssimo da comida ao design
Na recém-inaugurada sede do Instituto Moreira Salles, em São Paulo, o  restaurante Balaio, do chef Rodrigo Oliveira, prima pela excelência de sabores de diversas regiões do país e pela apurada seleção de móveis assinados por Paulo Alves.

Hospitalidade e boa comida são os trunfos do premiado chef Rodrigo Oliveira (acima) para conquistar a clientela do novo Balaio.

“É um restaurante para todos. Informal, caloroso e acessível no preço e no conceito”, diz o chef Rodrigo Oliveira sobre seu mais recente empreendimento, o Balaio, no térreo da nova sede do Instituto Moreira Salles (IMS), localizado na agitada av. Paulista, entre as ruas Bela Cintra e Consolação. O projeto começou a ser rascunhado em 2011, quando Pedro Moreira Salles o convidou a comandar a cozinha e o café do centro cultural, cuja arquitetura foi concebida pelo escritório Andrade Morettin Arquitetos.  

Aos 37 anos, Rodrigo se tornou conhecido como o inventivo chef que levou a elite paulistana para a Vila Medeiros, bairro na zona norte de São Paulo, onde ele prepara delícias sertanejas no seu Mocotó, eleito o 28º melhor restaurante da América Latina pela revista inglesa The Restaurant.

 

O gosto pela cozinha veio da influência do pai, o pernambucano José Oliveira de Almeida, que iniciou o empório Casa do Norte, em 1973. “Aprendi desde pequeno a valorizar a gastronomia inclusiva e nacional. Acho que essas características contribuíram para que eu fosse o escolhido aqui”, opina Rodrigo, proprietário desde 2013 do Esquina Mocotó – de comida autoral inspirada na cultura paulistana e contemplado com uma estrela no guia Michelin – e dos recentes Mocotó Café, no Mercado de Pinheiros e no Shopping D.

Para criar o Balaio, o chef contou mais uma vez com a ajuda de Marino Barros, do LAB Arquitetos, responsável por projetar essa e as outras unidades. “O Rodrigo defende a arquitetura da inclusão e o Balaio mantém esse espírito. É um restaurante plural, por estar localizado num centro tão importante como a av. Paulista, mas que não abandona suas raízes”, considera o arquiteto.

Da esq. para a dir., Rodrigo Oliveira, Marino Barros e Paulo Alves: sintonia entre gastronomia, arquitetura e design.

Na hora de pesquisar o mobiliário do novo espaço, a opção recaiu naturalmente sobre o design brasileiro. “Fomos atrás de profissionais da madeira, pois queríamos que o material contrastasse com o concreto e o vidro do edifício, trazendo conforto e acolhimento”, explica Marino. As peças de Paulo Alves foram as eleitas. “Marino visitou meu showroom com Rodrigo, e ele se encantou com a cadeira Atibainha. Propus fazer, então, a Mocotó, um desdobrabamento desse modelo”, conta o designer.

A cadeira Mocotó foi criada especialmente para o restaurante Balaio. Na parede, tapeçaria da By Kamy, fabricada no Brasil, como desejava Rodrigo.
Da coleção de móveis de Paulo Alves, a mesa Guaimbê ganhou versão de madeira catuaba e roxinho e de acabamento ebanizado, como na foto abaixo.
De jequitibá e inspirado no banco caipira, o modelo Marino homenageia o arquiteto Marino Barros, um dos sócios do Lab, escritório responsável pelo design de interiores do restaurante.

Além da Mocotó, o designer projetou a mesa Carcará, com base de concreto e estrutura de madeira, sugerindo as garras da ave do sertão, e o banco Marino. “No Balaio, minhas peças serão usadas por muitas pessoas. Isso muito me motivou”, afirma Paulo. Para o café no 5º andar do museu, ele desenhou ainda o banquinho Rango e a mesa Tatu, com apenas 40 cm de altura para não impedir a vista do jardim e da escultura do americano Richard Serra, ainda não instalada, mas prevista para se estender do térreo até esse pavimento. 

Entre as cadeiras Mocotó, a mesa Carcará, com base inspirada nas garras do pássaro característico do sertão nordestino.
O tampo da mesa Carcará combina diferentes espécies de madeira: roxinho, cumaru, catuaba, garapeira, entre outras.
Antes de ambientarem o Balaio Café, no 5º andar do museu, os bancos Rango e a mesa Tatu, de apenas 40 cm de altura, foram expostos no Fashion Week, no prédio da Bienal, em São Paulo, onde esta foto foi registrada.

Para o arquiteto, a brasilidade presente no trabalho de Paulo Alves casou harmoniosamente com a culinária do premiado chef de cozinha, formado pela Faculdade Anhembi-Morumbi. “Ambos valorizam nossas raízes e as interpretam de maneira inovadora”, diz. Além da madeira, o arquiteto selecionou cores quentes para o ambiente. “O laranja e o vermelho remetem à paleta de cores da terra, do sertão”, afirma.

O balcão do bar, de mogno africano, acomodará os clientes das 12h às 22h, de segunda a sábado, e das 12h às 17h, aos domingos.

No cardápio, que privilegia os ingredientes brasileiros, Rodrigo pretende manter os já consagrados torresmos e dadinhos de tapioca do Mocotó e incluir pratos de diversos estados: arroz de linguiça bragantina; paleta de cabrito assada servida com angu de fubá branco; além de opções vegetarianas, saladas e sanduíches. “O Balaio se inspira no Brasil e olha a tradição com contemporaneidade”, garante.

Os balaios de vime sobre o bar, que servem de cúpulas de luminárias, fazem referência ao nome do restaurante, focado na cultura brasileira.

O novo point, cujos almoços e jantares serão servidos sem interrupção, contará ainda com a expertise do capixaba Rafael Welbert, vencedor do primeiro Concurso Nacional de Rabo de Galo entre 29 bartenders. Rafael, que viveu vários anos na Itália, deixará o Esquina Mocotó para se dedicar a drinques artesanais e 100% brasileiros, como prega a essência da cozinha e do design do Balaio.

O inovador edifício de sete andares, assinado pelo escritório Andrade Morettin Arquitetos na av. Paulista, abrigará exposições nacionais e internacionais, uma biblioteca especializada em fotografia, cineteatro, salas de aula para cursos e oficinas, além da primeira unidade paulistana da livraria Travessa, do Rio de Janeiro, e o restaurante e o café Balaio. Para a inauguração, o IMS selecionou cinco mostras, entre elas: a célebre série Os americanos, do fotógrafo Robert Frank, e a premiada videoinstalação The Clock, de Christian Marclay.

Por Regina Galvão


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Publicado por:Boobam

2 comentários sobre “Balaio no Instituto Moreira Salles

  1. Maravilhoso local! Vou visitar! E estas luminárias maravilhosas de palha? De onde vieram? Tenho interesse caso possam informar onde adquirir.
    Obrigada.

    1. Oi Sonia, tudo bem? Infelizmente não sabemos de onde são as luminárias.

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