A casa-galeria abre loja na Boobam com peças inéditas assinadas por grandes nomes do design moderno brasileiro. O mobiliário faz parte da exposição “Habitar a ausência”, aberta ao público até 21 de dezembro, ¬ e inspira o ensaio fotográfico a seguir!

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Uma casa onde tudo está à venda. Assim funciona a galeria Apartamento 61, localizada em uma residência modernista histórica no bairro dos Jardins, na cidade de São Paulo. A casa, desenhada em 1939 (e reformada em 1960) pelo famoso arquiteto paulistano Rino Levi, foi habitada pelo escultor Victor Brecheret. Quem visita o espaço, do casal Vivian Lobato e André Visockis, se surpreende tanto pela arquitetura quanto pelo acervo de móveis e objetos modernos que ocupa os ambientes.

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Par de poltronas ferro e veludo, carlo hauner – 1950

Gostamos muito de peças em ferro. O material permite desenhos sofisticados e ao mesmo tempo de grande leveza visual. Como é o caso da rara poltrona de espaguete azul de José Zanine Caldas, e a poltrona de braço amarela com ponteiras de latão. diz Vivian Lobato.

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Poltrona Ferro e Espaguete – José Zanine Caldas – 1950

Ali, peças originais de época dos maiores designers brasileiros, entre eles, Lina Bo Bardi, Joaquim Tenreiro, Sergio Rodrigues, Jorge Zalszupin, Jean Gillon e Giuseppe Scapinelli dividem espaço com vasta seleção de objetos e utilitários feitos de madeiras raras, como o jacarandá e a caviúna, e também com trabalhos de designers contemporâneos.

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Poltrona Onda Ferro Tubular + Par Mesas 3 Pés Ferro e Fórmica – 1950
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Escrivaninha + Cadeiras, por Geraldo de Barros.
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A Cadeira, da Unilabor, da década de 1960, desenho de Geraldo de Barros, em duas versões: a mais rara com as costas que avançam para baixo do assento, e a outra com leve inclinação no encosto.
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Porta Guarda Chuvas Ferro e Latão – 1950

Para dar ainda mais vida e movimento à casa, Vivian e André organizam anualmente quatro exposições – todas focadas em resgatar e contar a história do design moderno brasileiro. “Recebemos muita gente que não sabe o que foi o movimento modernista e nem quem são os grandes nomes desse período e suas produções. Queremos contribuir para a difusão desse conteúdo”, diz Vivian.

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O casal Vivian Lobato e André Visockis
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Poltronas Ferro e Bouclé – 1950
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Mesinha Telefone Ferro e Madeira – 1960

Em cartaz até dia 21 de dezembro, a Apartamento 61 apresenta a mostra “Habitar a ausência”, com uma seleção de mobiliário moderno de designers que fizeram o uso do ferro em suas criações, como Geraldo de Barros, a dupla Carlo Hauner e Martin Eisler, José Zanine Caldas e outros autores das décadas de 1950 e 1960.

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Essa exposição surgiu da vontade de apresentar além de nomes consagrados do modernismo, outras fábricas e desenhos curiosos de autores muitas vezes ainda não identificados da década de 1950 e 1960. Como o caso da poltrona ondas em ferro e o sofá de ripas de ferro.
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Sofá de ripas de ferro, autor desconhecido, década de 1960.
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Par de Poltronas Ferro e Tricot + Mesa Tabuleiro Ferro e Mármore – 1950

Os móveis apresentados na exposição marcam a estreia da Apartamento 61 na Boobam – a plataforma vem trabalhando para ampliar o seu acervo vintage, oferecendo cada vez mais mobiliário e objetos modernos brasileiros.

“Há bastante tempo namorávamos a Boobam. Estávamos esperando o melhor momento para abrir a loja na plataforma, pois queríamos estar com um acervo de peso, mas com um ticket médio mais democrático e acessível”, explica Vivian.

Por terem o ferro como matéria-prima, as 35 peças inéditas da exposição acabam tendo um custo final mais baixo do que as produções em madeira dos mesmos autores.

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Mesa Revisteiro Ferro e Chapa Perfurada + Poltrona Ferro e Veludo – 1950

Na mostra, os trabalhos estão acompanhados de um texto crítico do arquiteto André Scarpa e do ensaio do fotógrafo Marcos Cimardi, que revela a arquitetura dos grandes galpões em desuso da Metalúrgica Atlas, braço do Grupo Votorantim, que encerrou suas atividades em 2014, em São Paulo.

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“Ausência Presente”, Marcos Cimardi – 2018

Assim, a exposição traz uma reflexão sobre o impacto do ferro na trajetória arquitetônica brasileira e na produção moveleira moderna, como aponta trecho do texto da mostra: “Tanto na arquitetura, quanto no mobiliário, a resistência e a versatilidade do elemento permitiram estruturas simples, leves e livre de adornos. A materialidade do ferro também fez avançar nas fábricas as linhas seriadas, e consequentemente sua difusão pela sociedade moderna”.

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O par de cadeiras em ferro e junco.
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Cadeira de Balanço Ferro e Junco – 1960 + Fruteira Ferro – José Zanine Caldas (Atrib.) – 1950

Visite a loja Apartamento61 na Boobam:

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Jornalista convidada: Flora Monteiro
Matéria exclusiva para o Blog Boobam
Fotos: Eduardo Magalhães

Publicado por:Flora Monteiro

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