Em sua 6ª edição, designers nacionais apresentam peças autorais e plurais – a maior parte delas com venda simultânea na Boobam.

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A principal feira de design colecionável do país ocupou 6 mil m² do Pavilhão da Bienal, no Ibirapuera, em São Paulo, entre os dias 27 de junho e 1 de julho. Com 125 expositores, entre designers jovens e consolidados de diversos estados brasileiros, o evento reuniu peças únicas ou em séries limitadas frutos de produções artesanais e semi-industriais.

Os produtos, acomodados em espaços de 5 e 10 m², dividiram a área da Bienal com seis galerias. Entre elas, o Estúdio Mameluca, que trouxe coleção inspirada no conceito da libido, e o Maximiliano Crovato, com peças que resgatam o estilo Memphis criado na Itália na década de 80.

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Alessandra e Nuno, da Mameluca, vencedores do prêmio de melhor stand na categoria Galeria.

A feira contou ainda com área gastronômica, coworking e a seção Handmade, que trouxe nomes como Calu Fontes, Eurico Humano, Fabiana Queiroga e Mari Dabbur. Exposições nacionais e internacionais também fizeram parte da programação. A principal delas, “Philip Johnson: Machine Art Revisited”, que dá tema a esta edição da MADE, exibiu reproduções de fotos da mostra original assinada pelo arquiteto norte-americano, em 1934, no MoMA, de Nova York.

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Com a temática Machine Art, a feira convidou o público a refletir sobre a relação entre os fazeres manual e industrial e entre os propósitos estético e funcional dos objetos. Assim, as peças exibidas no evento revelaram a consistência e a pluralidade da produção nacional contemporânea, e reforçaram a importância do incentivo e da valorização do trabalho de designers independentes.

Para quem não pode ir ao Pavilhão da Bienal, a Boobam reúne boa parte dos talentos presentes no evento – e ainda comercializa a maioria dos produtos apresentados por lá. Confira a seguir alguns destaques da MADE 2018:

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Nicole Tomazi, vencedora de melhor stand na categoria 10m.

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A palha do trigo é explorada por Nicole Tomazi na coleção batizada Genius Loci, termo em latim que se refere ao “espírito do lugar”. O material convencionalmente usado para confeccionar chapéus e bolsas dos agricultores ganha um contorno poético e elegante pelas mãos da designer, em parceria com famílias de artesãos da Serra Gaúcha.

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O Estúdio Iludi, vencedores de melhor stand na categoria 5m.
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Estúdio Iludi – Cadeira Tropos

Os mineiros do Estúdio Iludi lançam a linha Tropos, composta por cadeira, poltrona e um móvel versátil que funciona tanto de mesa, como de banco com banqueta. As chapas metálicas revestidas com lâminas de nogueira possibilitam um efeito estético surpreendente à coleção, uma vez que elas dão à madeira o caráter flexível e dobrável do metal.

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Luminária Modernista e Tapete Pompéia

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O movimento modernista paulistano segue inspirando o trabalho de Giácomo Tomazzi. Influenciado pelo mobiliário de Lina Bo Bardi, Paulo Mendes da Rocha e Flávio de Carvalho, as peças combinam formas fluídas e geométricas e fazem uso de materiais nobres e duráveis, como couro, latão, mármore e madeira. A produção mescla processos industriais e artesanais.

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Atelier Zanini de Zanine, vencedor na categoria Handmade

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As memórias de infância do carioca Zanini de Zanine são concretizadas na série de brinquedos artesanais exibida na galeria Herança Cultural. Com preços acessíveis, as peças são feitas com madeiras brasileiras de reaproveitamento. O piloto Nelson Piquet, tricampeão de Fórmula 1 nos anos 1980, foi homenageado com o carrinho Nelson Pequi.

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A textura da lã de ovelha feltrada manualmente por Inês Schertel é realçada por camadas nas peças apresentadas na feira. O banco Porva, por exemplo, sobrepõe quatro mantas. Adepta do slow design, a artista tem um trabalho artesanal com forte identidade visual.

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Característica marcante do trabalho de Leo Capote, a subversão da função dos objetos dá embasamento para o conceito da coleção apresentada nesta edição da MADE. Elementos da construção ganham novos usos, caso da mesa de jantar Registro, cuja base é feita com um antigo registro de água subterrâneo.

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Produzida de freijó, as peças de Marcelo Caruso têm estrutura de madeira desenhada em linha continua, sem interrupção. Segundo ele, é sua primeira investida em uma coleção mais comercial.

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O Estúdio Prole aposta na colaboração com marca de moda Etoiles para desenvolver peças de latão e granilite. Mesa e acessórios como castiçal e apoio de livros ganham contornos contemporâneos explorando o uso dos materiais antigos – embora, recentemente, valorizados.

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A ceramista Paula Juchem apresenta coleção de esculturas de mesa e parede inspiradas em fábulas. Os animais das histórias contadas por ela aos três filhos ganham contornos artísticos por meio de processo manual, cujo resultado é obtido após a queima das peças em forno a 1220 graus.

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O trio do F. Studio prefere não definir as funções dos móveis desenhados por ele. Assim, o usuário pode dar o uso que considerar mais conveniente ao contexto de sua casa. De madeira e metal, as unidades multifuncionais Dots podem servir de revisteiro, estante, criado-mudo e até mesmo apoio para acoplar a pia do banheiro.

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Do desenho ao acabamento, o processo de desenvolvimento das peças de Marcos Amato é totalmente artesanal. A mesa de jantar Asa, de freijó, e o banco Barba Negra, de madeira maciça zebrano, têm linhas orgânicas e detalhes que imprimem características esculturais aos produtos. Repare na linha curvilínea da base da mesa e no arremate pontiagudo do assento do banco.

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Poltrona e objetos de parede, piso e mesa exploram a materialidade e a textura de madeiras nativas brasileiras no trabalho de Julia Krantz. A artista reinterpreta o movimento sinuoso das águas na construção das peças e impõe a si mesma a obrigatoriedade de trabalhar com matérias-primas provenientes de áreas onde a sustentabilidade da floresta é garantida.

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A poltrona e sofá Madeleine, de Noemi Saga, foram inspirados nos móveis brasileiros dos anos 1940 e 1950 e seus encostos remetem ao doce que dá nome à peça. A estrutura de aço é resistente e maleável e os assentos de couro e tecido agregam aconchego. A designer lançou também a mesa de mármore THÈ.

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A marcenaria de Rodrigo Calixto esteve presente com a banqueta Lotus, a gangorra Momento, a xiloteca Brasilis e o balanço Bilanx, entre outras peças. O designer apresentou ainda a coleção “Nem tudo o que queimou, perdeu a cor”, na qual ele usa a técnica japonesa Shou Sugi Ban, de carbonização da madeira, para dar um novo efeito estético aos produtos e instigar uma reflexão sobre a passagem do tempo.

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O Dsgn Selo pesquisa e desenvolve projetos de light design explorando a cor, a forma, o volume e a textura dos materiais. Com contornos poéticos e esculturais, as luminárias exibidas na MADE parecem brincar com a contradição entre movimento e equilíbrio. Tal impressão foi muito bem traduzida por eles como “ritmo cinético”.

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A série Prismas, da ceramista Heloisa Galvão, é inspirada nos cristais de quartzo, com suas formas angulares e arestas. As faces ora planas, ora desconstruídas revelam a brutalidade própria dos materiais naturais e fazem com que as peças tenham o caráter disruptivo dos elementos que brotam do chão, da natureza.

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O designer Ricardo Graham Ferreira apresentou sua própria bancada de marceneiro, com as ferramentas fabricadas e utilizadas por ele, de onde surgiram peças icônicas como a cadeira 3 Pés e o banco Sela, exibido na MADE em série limitada de madeiras raras. Entre as novidades estão o Banco Trancoso e a Cadeira Oficina.

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Com a coleção Artesania, Rahyja Afranje leva o equilíbrio, a delicadeza e o cuidado aos detalhes de seu trabalho de marcenaria para uma nova matéria-prima: a pedra. A técnica artesanal se une à tecnologia do corte de jato de água com pressão ultra elevada para definir o design do limestone, que compõe a mesa Pedra e o banco Grelha. Já o espelho Mínimo tem fita de LED na parte posterior para criar uma sutil iluminação.

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Luminária Memória, uma peça única da coleção especial Estrela

O Atelier André Ferri lançou a coleção Memória, que utiliza peças de madeira centenárias resgatadas de casarão tombado como patrimônio histórico no bairro Santa Efigênia, em Belo Horizonte. Os produtos, que expõem em suas superfícies marcas do tempo, foram produzidos de peroba do campo, peroba rosa, braúna, jacarandá e maçaranduba. Parte do valor obtido com a venda das peças será destinado ao processo de restauro do casarão.

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O Coletivo 462 se formou a partir de encontros coordenados pelo designer Gerson Oliveira, cofundador da Ovo. Entre as peças apresentadas estão as mesas geométricas de Bia Rezende, os objetos de Caio Armbrust, o mobiliário de Carolina Magliari, as mesas escultóricas de Desyree Niedo, as peças de Fernando Barcellos, construídas a partir de boards de skates, o trabalho de caráter industrial de Gabriel De La Cruz Mota, as mesas de Marcelo Ribas, as cerâmicas de Nydia Rocha e os módulos de Paula Rochlitz Quintão. O grupo tem produção independente, mas colabora entre eles com ideias e soluções para os projetos.


 

Visite a sessão da MADE 2018 na Boobam:

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Jornalista convidada: Flora Monteiro
Matéria exclusiva para o Blog Boobam
Fotos: Eduardo Magalhães e Massimo Failutti

Publicado por:Flora Monteiro

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