Chegar da rua. Preparar um delicioso chá. Sentar-se em um poltrona extremamente confortável e… começar o trabalho. O prazer e desfrute de cada momento, mesmo durante a jornada de trabalho, faz parte da missão e da realidade dos arquitetos e designers Luiz F. Costa e Rodrigo Irffi no comando do versátil Estúdio Iludi. Para eles, o escritório precisa ser a extensão do lar, um ambiente recheado de referências, um reflexo de suas personalidades.
Não há como negar que estejam certos. Quem não gostaria de passar a maior parte de seu tempo em um ambiente acolhedor, que abraça os olhos e, ao mesmo tempo, inspira? Mesmo em empresas onde metas e resultados exercem stress imperativo, trabalhar para que cada profissional se sinta parte de um todo, parece ser uma receita sem falhas. Produtividade é sim, um sintoma da alegria.
“O Estúdio Iludi acredita que as ideias estejam em movimento. Para nós, e nossa geração, todas as descobertas diárias precisam ser aproveitadas e catalogadas no repertório de cada um para uso futuro. Sem barreiras, sem padrões. Assim, não faria sentido trabalharmos em um espaço não orgânico, limitado por convenções e praticidades”, explica Rodrigo Irffi, em um tom de voz tão suave que nos faz acreditar que todos seus objetivos caminham ao seu lado.
A curadoria do escritório é coerente com sua fala. Peças trazidas de todo o Brasil, que contam a trajetória do estúdio em uma narrativa limpa, que não os deixa esquecer de cada conquista sob a melhor ótica: a da lembrança.
Suas criações navegam entre referências, inspirações e objetos garimpados a dedo, pelos próprios sócios que buscam na simplicidade, na forma e no conteúdo, reflexos da alma. “Nosso escritório é com um álbum de lindas memórias. Adoramos o que fazemos e isso se reflete aqui, por toda parte”, afirma Luiz F. Costa entre um afago ao lindo Brownie, mascote do Estúdio, e o desenho de uma cadeira surpreendente, que será lançada em breve.
A própria casa é o fio condutor. Antiga, dos anos 60, com janelas amplas e largas, cheia de suportes, trás um romantismo intrínseco a sua estrutura e acaba por diminuir a velocidade do vidro e plástico. O resultado, um clima “demi-bucolic”, permissivo, que convida a criação mesmo quando o relógio parece não querer perdoar.
Em um ambiente tão vivo, toda a carga negativa, comum em um ambiente corporativo, parece não adentrar. Um oásis contemporâneo onde artesanal e industrial se divertem em um ode à diversidade. E como não ser assim? Desde a primeira peça do estúdio, a versátil Luminária Muda, o experimentalismo gerou frutos que vão de quadros a poltronas, passando por adornos e obras de arte sem nenhum pudor que não seja a própria verdade do espírito Iludi.
Veja a Coleção Tropos do Estúdio Iludi,
com mostra inédita na MADE 2018 e venda simultânea na Boobam:
Na Coleção Tropos o Estúdio Iludi busca, em poucos traços retóricos, a complexidade tropical. Uma ironia em trazer ao minimalismo, algumas das peculiaridades da tão dita e cantada brasilidade.
A “pluralidade brasilis” dita o samba. A linha é composta por cadeira, poltrona e um duo múltiplo: banqueta que serve como mesa lateral e um banco, que pode ser utilizado como mesa de centro. Um sincretismo sustentável que, mesmo em formas retas, se faz orgânico.
“Todas as coisas são, metáforas”.
Johann Goethe
E se, no lugar das curvas, falássemos em dobras? E se a estrutura esculpida em madeira, ganhasse a delicadeza, força e contemporaneidade do aço com apenas uma vestimenta laminada? Por dentro da beleza natural, uma estrutura rígida, moldada pelo tempo e pela resistência.
Visite a sessão especial MADE 2018 na Boobam
Texto: Luiz Abreu | Direção de Arte: Studio Tertúlia (Anna Lara e Amanda Mendonça)
Foto: Tiago Nunes | Dentro.Fotografia