Tiago Curioni é o entrevistado desta semana. De seu estúdio na cidade de São Paulo, saem peças de variados materiais, como cobre, aço e madeira. O Upcycling está muito presente no conceito de suas peças. Veja abaixo como elementos descartados em caçambas e ferros-velhos ganham novas formas e ciclos de vida.
Você sempre soube que seria um designer? Fale um pouco sobre a sua trajetória.
O interesse pelo design aconteceu de forma natural. Sou formado em arquitetura e tenho meu estúdio há 6 anos, onde sempre desenhei móveis e luminárias exclusivas para meus clientes e projetos. Com o tempo, comecei a divulgar algumas das peças e as pessoas se interessaram. Quando percebi, já estava aceitando encomendas de peças que antes eram únicas.
Como é a sua rotina e o seu processo criativo?
Eu costumo passar um bom tempo no final do dia desenhando e esboçando peças novas, quando os telefones e emails dão uma trégua para tal. Costumo guardar tudo, mesmo que sejam em um guardanapo. Eu sei que mesmo que não nasçam de imediato, algo será aproveitado dali. A intenção de criar algo novo, ainda que uma parte de uma peça, é algo que tento exercer todos os dias. 1 novidade por dia, este é meu lema. Muito do meu trabalho se dá em pesquisas e na curiosidade de experimentar materiais e técnicas novas já que julgo este, um caminho essencial para o sucesso de uma peça. Me dedico mais às peças que percebo demanda por parte do mercado e às que posso expor em feiras que estão próximas.
Com que materiais você gosta de trabalhar?
Como qualquer designer brasileiro, tenho amor e respeito por nossas madeiras, principalmente as que passaram anos sob chuva e sol; são as mais belas e cada uma conta uma história e uma estória. Mas sempre busco algum material novo, que ainda não trabalhei ou que é desconhecido do público. Acredito que gerar curiosidade e efeito surpresa faz parte de um bom design.
Um aspecto importante do seu trabalho?
Uma verdade por trás do trabalho do designer, é que nunca fazemos nada sozinhos. Procuro envolver todos meus parceiros e fornecedores; todos dedicam o melhor de si e de suas técnicas ao projeto, que neste ponto, não é mais meu, mas de todos os que participam. Outro ponto importante que busco é simplicidade do desenho e do material, desta forma, sempre tentarei desenvolver um produto com linhas minimalistas e sem excessos. Respeito os limites do material que estou usando, sem maquiá-lo ou escondê-lo.
Quais são os seus 3 trabalhos favoritos?
Em primeiro lugar, o banco Angel, o premiado no A´design Award na Itália. É uma peça executada em um material de alta tecnologia mas moldado a mão. Quando desenhei o croqui, suas linhas erm tão simples e determinadas que quase não houve necessidade de detalhamento. Eu executei essa peça em parceria com uma fábrica. E posso dizer que foi um prazer enorme esculpi-lo.
Em segundo, a poltrona Noemia, em homenagem a minha avó, que era apaixonada por uma antiga cadeira de balanço, onde passou seus últimos anos de vida. Alia o tradicional com o contemporâneo, de uma forma elegante e despretensiosa, carregada de história e simbologias.
Em terceiro a mesa Sorte do Dia, que acredito ser minha peça de maior sucesso. Nela uso tacos resgatados de caçambas ou mesmo do lixo e que após passarem pela marcenaria ganham nova vida. Na sequência, o verso de cada taco destes recebe uma frase escrita a mão por um calígrafo, para que o usuário leia sua sorte todos os dias, antes de sair de casa. É feito a mão, com algo que alguém jogou fora, conta uma história…o público adora!
Projetos futuros?
No momento trabalho em 3 peças novas para 3 exposições diferentes que acontecerão simultaneamente. Posso adiantar que talvez choque os mais tradicionais….veremos!
Quais artistas e designers você admira?
Aprecio muito a leveza desenho dos móveis de Oscar Niemeyer, o perfeccionismo de Jader Almeida, a técnica de Matthias Pliessning, a ousadia de Jorge Zalszupin e a irreverência de Sebastian Errazuriz.
Sites favoritos?
Visite a Loja do Tiago Curioni na Boobam
