Você sempre viveu rodeado por arte, arquitetura e design. A escolha pela arquitetura foi desde pequeno?
Venho de uma família de arquitetos. Meu pai – Ruy Ohtake – meu tio e minha mãe são arquitetos. A arquitetura faz parte das minhas referências diárias, foi um caminho natural.
O Design é algo recente, faz 2 anos que começou a produzir especificamente mobiliários, como está sendo esta experiência?
Desde os meus primeiros projetos eu sempre desenhei alguns móveis, principalmente fixos, para complementar a arquitetura. Então, fui convidado pelo Bruno Simões, meu amigo, para participar da MADE 2015, e foi aí que acredito que abracei o desafio de ser um designer. Eu tive que criar uma peça para apresentar na feira em 40 dias. E aí surgiu a cadeira Vitis, modelei a mão, de forma bastante intuitiva, com formas livres. Desde então, venho desenvolvendo mobiliário independentemente da arquitetura.

Como é a sua rotina e o seu processo criativo?
O meu processo de criação é bastante livre e intuitivo, a forma é meu primeiro impulso. Eu sempre começo pela forma. Às vezes eu começo sabendo a função do objeto, por exemplo cadeira ou mesa, às vezes não, como foi o caso da vitis, em que fiz a forma e somente depois concebi sua função. Prefiro não ter um método muito definido. Mas sempre me imponho algum desafio, seja formal, seja estrutural, seja do material.

Um aspecto importante do seu trabalho?
Para mim, o desafio. Para o cliente, a surpresa. Se ambos não forem alcançados, o trabalho não foi plenamente realizado.

Quais são os seus 3 trabalhos favoritos?
O Móvel Fita foi o meu primeiro projeto de design descolado da parede, mas ainda feito para uma determinada arquitetura e, de certa maneira pelo seu tamanho, fixo. É uma peça escultural de 7m que mistura sofá e mesa ligados por uma torção na madeira, criando uma forma delicada e ao mesmo tempo muito forte. Foi um móvel que eu fiz 30 desenhos, começando com um projeto super complexo até chegar na forma final, bastante simples, mas não simplória. Já a poltrona Vitis é um xodó, porque representa meu primeiro experimento como designer, e não como arquiteto fazendo design. E a gente sempre espera que o próximo trabalho seja o melhor!


Lançamento inédito na Boobam, a linha Bu, de cadeira e mesa, são peças que se assemelham nos materiais, assim como acontece na linha Parquinho, finalista no prêmio VOGUE de design. O que inspirou o desenho das grades?
A linha Bu eu fiz para o projeto de um bar, também projeto meu, chamado Buraco, recém inaugurado aqui em São Paulo. Em uma conversa com o Zanini.

Projetos futuros?
Uma linha de móveis e objetos menores feitos em vidro. Comecei pela luminária fresta, atualmente em exposição na galeria Nicoli e feita em parceria com a Glass11.
Quais artistas e designers você admira?
Sabine Marcelis, Patrick Jouin e Zanini de Zanine. Frank Gehry, Toyo Ito e Sou Fujimoto. Richard Serra, Dan Flavin e Nino Cais.
Sites favoritos?
Archdaily é o único que leio todos os dias, por causa da ótima newsletter. Para design, eu prefiro seguir os próprios e ver no instagram. Muitos designer publicam ali desde seus processos criativos, passando pelo produto final, até sua visão sobre o mundo. É isso que mais me interessa.
Se pudesse eleger sua peça preferida, de design/arquitetura, qual seria?
Guggenhein de Bilbao. Pela sua liberdade formal, pela inovação material, porque já visitei e vi que funciona muito bem e pelo impacto mundial que ela teve.
Visite a loja do Rodrigo Ohtake na Boobam: